sábado, 10 de novembro de 2012

LA Times Entrevista Kristen Stewart e Stephenie Meyer


Mesmo depois de todo esse tempo, a autora Stephenie Meyer, a Mormon mãe de três que da noite para o dia se tornou uma sensação literária com a publicação de seu romance juvenil “Twilight” em 2005, não consegue explicar o fonômeno que cerca o grande romance entre o vampiro Edward Cullen e a adolescente humana Bella Swan, personagens interpretados nas telonas por Robert Pattinson e Kristen Stewart.
“Eu não sei o que faz as pessoas adorarem isto, eu não sei o que faz as pessoas odiarem isto”, disse Meyer, sentada confortavelmente em uma suíte de hotel em Beverly Hills. “Mas eu sei que a sensação de estar apaixonada é boa. Nós queremos sentir essa emoção.”
“Eu sempre disse isso, Stewart diz para Meyer, sentada ao lado dela. “É tão vicário. Não é como se você estivesse assistindo duas pessoas ou lendo sobre duas pessoas. Você se sente como se estivesse fazendo aquilo. É algo raro.”
Não há dúvidas de que Crepúsculo é uma jóia rara: um livro e um filme que incendeiam sua enorme base de fãs. Esta base de fãs tem sido tão grande e fervorosa que os “Twi-hards”, como são chamados, ajudaram a transformar o conto subrenatural de Meyer em um negócio de 2.5 bilhões de dólares, provando que histórias centradas em garotas podem ser uma força motriz nas bilheterias.
Com o quinto e possível último episódio no cinema, A saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2, que chega aos cinemas na sexta-feira, Meyer e Stewart parecem compartilhar um laço herdado pela conexão entre os dois protagonistas de Meyer.

A proximidade delas vem da meta conjunta de assegurar que o seu amado material, com todo o seu melodrama, permaneça intacto durante a adaptação para o cinema. Isso fez com que elas lutassem contra diretores do estúdio que queriam que a interpretação de Stewart fosse menos torturante, detratores empedernidos que se uniram contra as falas exageradas da história e sátiros da cultura pop que comumente usavam a franquia como piada.
Meyer já havia se transformado de dona de casa em autora best seller quando conheceu Stewart pela primeira vez, na época uma atriz promissora com a carreira baseada em filmes indies. Nos anos seguintes, a influência e a estatura de Meyer como autora de livros para jovens adultos se tornou comparável a de J.K. Rowling ou Suzanne Collins, apesar de os críticos nunca responderem à sua escrita da mesma forma entusiasmada que os leitores fizeram.
Stewart, entretanto, ganhou muito reconhecimento – se não nas frias resenhas dos filmes de Twilight, nos pequenos e desafiadores papéis de filmes como Na Natureza Selvagem, de Sean Penn ou na vindoura adaptação de Walter Salles do clássico da geração beat, Na Estrada. Ela também se tornou uma estrela dos tablóides sem nunca ter planejado isso, graças ao seu relacionamento instável com seu colega de Crepúsculo Robert Pattinson.
Chegar ao final da saga é particularmente satisfatório para a atriz, que parece estar contente por poder deixar Bella em feliz estado no complicado final de sua jornada – e também seguir para a próxima fase de sua carreira. “Eu estou muito pronta para terminar com isso”, disse a atriz de 22 anos.
Dirigido pelo ganhador do Oscar, Bill Condon, Amanhecer – Parte 2 começa com Bella Swan como uma vampira recém nascida e uma mãe novata, cuja filha meia-humana, Renesmee, ameaça iniciar uma guerra entre as várias tribos de vampiros ao redor do mundo. A classe dominante na Itália, os Volturi, erradamente assumem que Bella e Edward transformaram uma criança humana em vampiro, algo que é expressamente proibido, e juntam forças para derrubar todo o clã dos Cullen.
O tom da história deu oportunidade para Stewart dar nova dimensão a um personagem que sempre considerou a si mesma comum e desajeitada; com seus poderes sobrenaturais, ela poderia ser graciosa e linda, super rápida e mortal.
Uma Bella diferente
“Eu a interpretei como humana por tanto tempo, então a versão melhorada dela fez muito mais sentido para mim”, disse Stewart, com suas longas pernas cruzadas sob seu corpo no sofá.
“Tudo se encaixa tão perfeitamente que eu fiquei muito animada para fazer isso.”
Meyer se lembra de estar em frente ao monitor no set do filme quando Stewart gravou sua primeira cena como Bella vampira e nervosamente esperava pelo resultado.
“Nós estávamos dançando na frente dos monitores – ‘Olhe como ela faz’”, Meyer disse enquanto Kristen fingia sair do quarto para não ouvir o elogio. “Foi um grande peso que saiu das costas. Não era um personagem diferente. Era Bella, mas era uma Bella totalmente diferente. Foi muito excitante.”
Suas novas habilidades também dissiparam o sentimento de que Bella é um personagem muito passivo, uma jovem garota tão dependente de seu namorado como fonte de sua felicidade – apesar de Meyer e Stewart rejeitarem esse ponto de vista.
“Troque os papéis. Se Bella fosse vampira e Edward fosse o humano e você não trocasse nada além dos gêneros, não haveria esse criticismo”, disse Stewart. “Seria tipo ‘Uau, ele largou tudo por ela. É tão incrível, ele deve ter sido muito forte para se sujeitar a isso’. Além disso o relacionamento é inteiramente equilibrado”.
“Ela tem o que ela quer”, Meyer complementa.
“Além disso, é ela que sustenta a história o tempo todo”, continua Stewart. “Se ficasse nas mãos de Edward, eles teriam desistido no primeiro filme”.
O romance Amanhecer, de 700 páginas, foi lançado alguns meses antes da adaptação de Crepúsculo, feita pela diretora Catherine Hardwicke, chegar aos cinemas em 2008. O livro sofreu com muita controvérsia, mesmo entre os leais fãs de Meyer. O parto de Renesmee é uma sequência especialmente macabra – que Condon teve que cuidadosamente manejar para o filme anterior que tinha classificação para maiores de 13 anos – e alguns leitores reclamaram da escolha de Bella de continuar com a gravidez apesar dos claros riscos para a sua própria saúde.
Também houve resmungos sobre o final excessivamente suave, anticlimático demais. “Eu tinha muitas preocupações em fazer um filme de Amanhecer”, disse Meyer, que aprovou os scripts dos filmes de Twilight. “Havia muitas coisas que eles queriam mudar. Havia sérios problemas.”
Fidelidade com o material original de livros adorados como “Twilight” é sempre uma preocupação – se desviar muito do livros os fãs, mesmo aqueles que não são tão radicais sobre o que estava escrito originalmente, irão reclamar aos berros. Mas foram a própria Meyer e a roteirista Melissa Rosenberg, que escreveram cada um dos cinco scripts dos filmes, que invetaram um novo final durante um jantar em Vancouver enquanto o segundo filme de Twilight, Lua Nova, estava sendo filmado.
É claro que nem Meyer nem Stewart revelaram o novo final, mas Meyer acredita que a solução será acolhida pelos fãs. Ela e sua estrela são pouco reservadas na alegria pelos truques digitais usados em Renesmee, que no livro é nascida com o tamanho de um bebê normal mas devido aos seus pais sobrenaturais, cresce rapidamente. (O personagem é interpretado no filme pela atriz Mackenzie Foy, de 13 anos.)
Stewart foi pedida inicialmente para segurar uma boneca eletrônica ao invés de um bebê de verdade, para algumas cenas, mas esta técnica não deu o resultado esperado.
“Era a boneca mais medonha, terrível, horrorosa que você já viu – e era mecânica”, Meyer disse com uma gargalhada. Ficava arranhando a bochecha dela e grudando no cabelo. Nós refilmamos a coisa toda. Nós acabamos não usando nenhuma dessas filmagens. Aquela boneca pode ganhar vida e sair matando pessoas.”
“Eles deveriam ter um bebê de verdade”, disse Stewart. “Eu realmente senti falta de ter um bebê de verdade. Tinham cenas que eu estava aguardando há muito para fazer e então me deram essa coisa. Foi realmente desanimador.”
Ao invés disso, os cineastas usaram algumas técnicas que David Fincher e sua equipe criaram para O Curioso Caso de Benjamin Button, projetando o rosto de Foy em garotas mais jovens e mais velhas conforme o roteiro requeria.
Stewart e Meyer estão prontas para o final de Twilight. Seus anos de domínio da cultura pop cobraram sua parcela das mulheres, especialmente Stewart, que parece não gostar dos holofotes, apesar de estar mais confortável com eles.
As duas discutiram o desejo público de colocar celebridades em um pedestal apenas para derrubá-las e também falaram sobre a realidade do ciclo ininterrupto de notícias como mecanismo que destruiu o mistério de um astro de cinema.
Stewart comparou a mania de querer saber das coisas com o desejo do público por um novo filme, um que só é apresentado nas revistas, no rádio e na televisão, baseado nas vidas reais dos atores. As coisas ficaram especialmente pessoais para Stewart no último verão quando fotos foram reveladas com a atriz aparentemente traindo seu namorado Pattinson com o cineasta Rupert Sanders, que dirigiu Stewart na aventura de conto-de-fadas Branca de Neve e o Caçador.
“As pessoas querem escrever o filme da sua vida e consumir isso do jeito que eles quiserem. Eu tenho a inclinação para me entreter com isso também, então mandem ver. Façam isso. Peguem isso”, Stewart disse, puxando seu suéter de caxemira. “Mas vocês não sabiam nada sobre meu relacionamento antes. Sabem menos agora. Como poderiam?”
Meyer simpatiza com a condição de Stewart. Até que os astros adolescentes aparecessem, a autora, que se descreve como introvertida, reclamou que as pessoas sentiam que a conheciam sem nunca ter falado com ela, na época era ela estava no olho da tempestade.
Para Meyer, a vida depois de Twilight envolve mais filmes – a Open Road vai lançar a adaptação feita por Adrew Niccol de sua outra novela “A Hospedeira” em março, e ela recentemente produziu seu próprio filme indie, “Austenland” baseado na novela de sua amiga Shannon Hale.
Stewart está seguindo em frente também. Ela acabou de assinar para se juntar a Ben Affleck no filme Focus, no qual ela fará uma mulher que se apaixona por um antigo golpista.
Meyer disse que novas histórias ambientadas no universo de Twilight continuam a ressoar em sua cabeça, mas ela não tem certeza se quer escrevê-las e recomeçar a tempestade de fogo de publicidade e atenção.
“As histórias estão lá. Eu só não tenho certeza se quero entrar no furacão novamente. Talvez em meu leito de morte eu junte todo mundo em minha volta e diga a eles o que acontece, quem morre, quem se torna em um vilão. Então dou meu último suspiro e estará tudo feito.”
“Que forma perfeita de terminar isso”, complementou Stewart.

Fonte: LATimes
Tradução: TwiFãSaga 

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